Religião e Magias
A religião guia os homens através dos perigos da Terra de Santa Cruz, e muitos desafios colocam sua fé à prova. Este é um suplemento não-oficial para o RPG O Desafio dos Bandeirantes, que o levará a descobrir novas classes, magias e muitas novidades para suas aventuras.
Tipo: Suplemento de RPG
Arquivo: PDF em Português
Tamanho: 25 páginas com 2.2mb
Dificuldade: Fácil implementação
Ano de Publicação: 2010
Aviso Importante
O RPG O Desafio dos Bandeirantes é uma criação de Carlos Eduardo Klimick Pereira, Flávio Mauricio Andrade e Luiz Eduardo Ricon de Freitas Nenhuma parte desta publicação pode ser utilizada para fins lucrativos, este material é um trabalho de fãs e não é destinada a comercialização, nem pretende ferir os detentores dos direitos autorais da obra. O Desafio dos Bandeirantes é uma marca registrada de seus autores e todos os direitos estão reservados.
Este suplemento não-oficial é um trabalho de fãs para o primeiro RPG ambientado em temática nacional e conhecido como O Desafio dos Bandeirantes, publicado pela GSA em 1992.
Após anos de campanhas e jornadas pela Terra de Santa Cruz muitas histórias foram se desenvolvendo e se tornando mais detalhado e dinâmico. Histórias e elementos vão sendo acrescentados por diferentes jogadores e narradores com diferentes pensamentos e formas de jogar. Quando tudo isso é organizado e colocado dentro da sua mesa, do seu jogo surge um trabalho de fã, surge esse sumplemento não-oficial, cheio de vida, experiências, testes e boas intenções.
O que vai encontrar nesse material
Neste livro você encontrará explicações mais detalhadas sobre as principais religiões dos povos encontrados no Novo Mundo: brancos, negros e indígenas. Uma visão geral de seus credos, costumes, panteão de deuses, organização e relacionamento entre outras religiões e atitudes frente às formas de magia encontradas a Terra de Santa Cruz.
No segundo capítulo você obterá mais informações magias revisadas pela errata lançada logo após no primeiro suplemento da série, outras magias criadas e usadas ao longo de nossas campanhas.
No capítulo três foi disponibilizada uma nova classe, o Bruxo, melhorada por Flávio Andrade e disponível em seu website. Achamos interessante disponibilizá-la aqui para facilitar o trabalho dos fãs e por ter total coerência com o assunto tratado neste complemento.
No capítulo quatro você encontrará novos itens mágicos para serem utilizados em suas campanhas ou como motes para aventuras. Para finalizar, você encontrará uma opção de ficha de personagem atualizada e uma sugestão para um grimório de magias.
Sinta-se à vontade para ampliar, modificar e enriquecer o jogo. Um trabalho de fã para outros fãs.
Veja algumas páginas do suplemento Religião e Magias
Cartas à Metrópole – Uma introdução ao suplemento de Religiões e Magia
Cartas do padre Bernardo Paes Freire a
D. Gaspar de Bragança y Andrade, Arcebispo de El Rei
“Rogando misericórdia e bênçãos de Deus para Vossa Eminência, senhor Arcebispo de El Rei, escrevo no ano da graça de Nosso Senhor de 1652. Seguindo em minhas viagens por estas terras há tanto tempo que, por vezes, chego a me esquecer da vida nas terras de El Rei. Afirmo que consegui enviar- te esta carta através de uma pequena bandeira que partia rumo ao porto da vila de São Francisco do Sul, assim que nossa expedição chegou à Vila Rica. Almejo que esta te encontre bem e que meus humildes relatos possam ser recebidos de forma tranquila e na paz de nosso bom Deus, posto que o que vivi e presenciei ainda assustam-me a alma, mostram-me uma realidade diferente por onde evangelizamos na Companhia de Jesus.
A cada dia na Terra de Santa Cruz muitos de meus medos ressurgem e muitas dúvidas voltam a meus pensamentos. Postulei-me a duvidar, e disso recordo-me em prantos, se a palavra de Deus pode ser recebida por todos. Ouvida por diferentes raças, por estranhas criaturas que por vezes relatei em outras de minhas cartas. Ás vezes pergunto-me qual o destino que Nosso Senhor reservou para todas essas almas e quais instrumentos nós, seus humildes servos, devemos acreditar estarem certos em nossas atividades evangelizadoras.
Durante nosso trajeto até cá, ao meio do que chamam de Planalto Sul, próximo a Serra dos Ventos, muitos homens brancos se juntaram a nós. Por estes lados indígenas ainda são forçados a trabalhar e amarrados a pesadas correntes, tendo de carregar os pesos dos ricos bandeirantes, mas a chegada desses brancos que relatei acima me atraiu especial, e inexplicável, atenção. Como de costume, eles não fizeram questão de apresentar vossas origens ou intenções, apenas por sua raça foram bem aceitos e juntaram-se à nossa bandeira, que por destino Vila Rica.
O Senhor D. Mario Cortez de Albuquerque, homem bruto, comanda a todos com sua vasta experiência e sua inabalável fé em Deus, foi quem decidiu nosso rumo e por assim se fez por algumas semanas. Passado algum tempo tomei de investigação um dos homens que havia se juntado à nossa bandeira, talvez enviados de Nosso Deus estivessem alertando-me de algo em minhas orações matinais, ou apenas encontrava-me curioso por demasia. Percebi que a cada parada, ele e seus amigos se embrenhavam pela mata, retornando apenas pela manhã, por vezes machucados e visivelmente alterados. Apenas eu, e poucos mestiços, podíamos perceber tal comportamento, visto meu costume acordar antes mesmo do por do sol, junto aos pássaros.
Chegamos em Vila Rica bastante cansados, aquela região se mostrou fria e húmida demais para nossos pés e para os precários trajes eu portávamos. D. Cortez de Albuquerque decidiu, então, que ficaríamos alguns dias para reabastecer nossas provisões, descansar e para que seus homens pudessem fazer negócios antes que partíssemos rumo ao Forte Albuquerque.
Chovia muito quando chamei um mestiço para que me acompanhasse em meio a noite. Minhas orações divinas haviam me mostrado que uma sombra crescia mais forte na escuridão, como se as trevas falassem e me mostrassem algo surgindo da estalagem próxima à praça central. Esgueiramo-nos por entres os cavalos até uma das janelas que ficavam próximas ao final da rua do comércio. O mestiço cuidou para que não fôssemos vistos e me debrucei para ver o que acontecia ali dentro. Orei e desejei não ter visto o que, fatalmente, vi. O tal homem que eu investigava, e seus comparsas, haviam se juntado em uma espécie de prática que não seguem as leis de Deus. Havia sangue e símbolos macabros em velhos pergaminhos. As palavras que proferiam me causavam medo e foi quando um pequeno ser, que me parecia ser feito de barro e pedaços de madeira, ganhou vida, se levantando do centro de um dos círculos que ali havia.
Que força oculta é capaz de tal ato, meu Deus? Como, devia eu, enfrentá-los, meu Senhor? Encontro- me sozinho em tais companhias em meio aos perigos da Terra de Santa Cruz, um lugar esquecido por muitos, repleto de criaturas e seres desconhecidos. Ás vezes, apenas a palavra de Deus não pode prender homens detentores de tais forças quando nem sempre posso contar com o apoio de outros já evangelizados. Muitas vezes, como sabemos, o poder e o interesse pelo ouro pesam mais que a fé. Forças ocultas perambulam por estas terras e, a cada dia, acredito que elas podem reger partes das forças mundo e, aqui, elas se fazem mais fortes, longe de nossa Santa Igreja.
Alguns dias depois, partimos de Vila Rica e não demorou até que, estranhamente, eu caísse doente em uma terrível febre do sertão. Aclaro-me em fé que isso tenha sido obra de forças ocultas controladas por aqueles homens brancos. Eu estava fadado a morrer, sendo carregado em uma velha padieira debaixo de forte sol e outras intempéries do tempo. Já não mais entendia o que se passava diante de meus olhos e com poucas forças apenas tentava comer e rezar a Deus por minha alma. Buscava a tranquilidade de Jesus, certo de que havia feito o possível para concluir minha missão nestas terras. Foi quando retomei brevemente a consciência e percebi um negro velho, vestido apenas de uma suja calça branca e de seus pés descalços conversando com estranhas formas que surgiam da fumaça de seu charuto.
Com certeza havia algo mais entre nós, porém, a febre não me deixava ver e, em delírio, imaginei que ele se comunicava com o que pareciam ser espíritos, todos ao nosso redor. Não mais entendia, apenas rezava e ele continuava a dizer estranhas palavras, em algum idioma do continente negro. Uma poção foi derramada sobre mim e outra foi me dada a beber. Eu estava entre a vida e a morte e meu corpo simplesmente aceitou tal ajuda. E porque o negro fazia aquilo? O que seria tal religião ou tal ato? Como posso julgá-lo, ou a seus métodos, se o que fez me salvou de uma mortífera doença?Com o passar dos dias fui me recuperando. Serei eternamente grato aos mestiços que me carregaram e me alimentaram por todo esse tempo. E, para sempre, rezarei em agradecimento ao negro que, com seus feitiços, salvou minha vida. Percebi também, algo entre os fiéis seguidores de D. Cortez de Albuquerque, ouvi entre os escravos que eles se uniram para combater o que chamaram de bruxos, e que, supostamente, haviam se infiltrado em nossa bandeira.
E assim, tais homens que eu havia testemunhado em Vila Rica, fugiram e não mais foram vistos. Aquele negro velho trouxe paz e bênçãos ao nosso grupo, mas se foi com receio de minha presença assim que recuperei de fato minhas forças. Senti-me culpado, e talvez fosse a forma que Deus havia encontrado para nos mostrar o caminho e a tolerância que devemos germinar por aqui.
Esta terra ainda nos reserva muitas surpresas. A cada viagem me deparo com diferentes religiões, estranhas tradições, criaturas que jamais imaginei conhecer, mesmo em meus mais terríveis pesadelos. Muitas forças perambulam por toda a Terra de Santa Cruz, boas e más. Contudo, seguirei meu caminho diante da palavra de Nosso Senhor, sem, jamais, perder a fé. Que Jesus nos ilumine e nos acompanhe no caminho do bem. Hoje e sempre.”
Seu humilde servo,
Bernardo Paes Freire
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